Juro, João.

Acordar, passar a mão nos cabelos, me olhar no espelho e não te ver em mim. A falta que faz alguém que por pouco tempo esteve aqui, bem perto, muito perto. Eu não sabia seu nome, eu não conhecia teu rosto. Eu e você eramos um. Conectados mais do que por uma fio, ligados por um sentimento. As dores em meu corpo não são maiores que as do meu peito. Eu desejo à mim os piores dias até o fim da minha vida. Eu desejo à mim a eterna dor do arrependimento, o não contentamento, a incapacidade, e a felicidade esquecida. Me vejo à sete palmos por ter me permitido de ver caber um palmo só. Ah, se arrependimento matasse. Ele não mata. Ma-ltra-ta. Maltrata. Nenhuma dor em mim vai ser suficiente pra compensar o que causei à ti. Não foi por mal, nem por querer, foi sem medir, foi como ir querendo ficar, como sorrir querendo chorar, foi como te pedir pra ir querendo te ver ficar. Ninguém te viu, ninguém soube de você. O que eu posso dizer sobre você é clichê como todos os poemas que já li. “Você se foi, mas ficou em mim”. Assim, se contradizendo com a primeira frase. Como a incerteza sobre a sua ida, do meu futuro, das noites perdidas, das mágoas já sentidas. As marcas disso fica, a felicidade não.