Sim e nada mais

Sempre pensei demais. Me planejei demais. Calculei até onde achei que os erros pudessem ser minimizados. E me readaptei todo para seguir isso. Todas as decisões, todas as canções. Cada palavra escolhida pra expressar na medida certa cada felicidade e alegria. Eu te quis demais e aí foi meu erro. Ou foi onde eu mais acertei. Nada de meios termos. Porque enquanto tudo parecia ser calculado demais eu preferi sentir à pensar. Aproveitar o momento e não o desperdiçar me preocupando com a fotografia. Esse momento foi minha quintessência, nosso momento. Pena que eu não percebi que o plano era eternizar tudo isso vivendo tão pouco. Ao fim de tudo ínfima será a razão entre esse momento e minha vida inteira, se medido em termos de tempo. Gigante no querer. Sem fotografias para lembrar, mas uns acordes… quem sabe? Que o  sentimento carregado e trazido pelas canções não míngue. Seria crime maior que desperdiçar tudo isso. Você não aprendeu mesmo nada nas canções que ouve. Ou eu as ouvi demais.

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queria ser capaz de te querer pela metade. De dividir meu amor entre você e mim. Queria dar pouca importância à sua companhia, de me sentir só meio completo ao ter você por perto. Queria ser capaz de te querer e te buscar só metade do tempo que eu tento, como se eu te oferecesse só minhas noites, e não meus dias. Queria me contentar com um abraço qualquer, ou que talvez que ao te olhar eu só enxergasse o óbvio, e não me perdesse por completo ali. Tanto eu quis ser seu que agora penso que ser meio seu já me fez mais seu do que meu. Eu não sei ser pela metade. Nem sentir pela metade. Nem querer pela metade. Talvez eu não queira nem ser sua metade, se nem isso eu não conseguir ser por inteiro.

um sonho dentro de um sonho

sonhar até te ver dormir
sorrindo assim
como se soubesse o que penso
sem pensar no por vir

fico aqui, parado, calado
dividindo teu ar
sentindo seu coraçāo
No meu peito bater

quando o sol se vai
olho pela janela pra pensar
quero me transportar
para o lugar onde você está

lá nāo existe a dor
lá o frio cede ao calor
porque lá meu sorriso é bobo
porque lá me sinto seu

diz ao tempo pra desacelerar
que eu nāo estou com pressa
deixa o sol demorar mais um pouco
deixa que eu já vou sonhar de novo

de tāo lindo que é
vi os teus olhos fechar
para mais espaço sobrar
pro teu sorriso nascer

e toda vez que você sorrir
eu quero ficar ali
quero me transportar
para o lugar onde você está

lá minha paz vem ao meu encontro
e a felicidade surge sem conter
porque lá meu sorriso é teu
tāo seu quanto eu

debaixo dos meus pés

Ta faltando chao
Mas ta sobrando espaço
Quero estar ao teu lado
Te segurar nos braços
Segurar a tua mao
Queria abrir os olhos
E ver tudo aqui de novo
Tudo que o tempo leva
Dos dias que nao voltam
O que derrete o coracao
Também Faz nascer o teu sorriso
E voce sabe que também não é tarde demais
Quem a gente é nunca vai mudar
Quando a alma quer ela espera
Em teus braços feito criança
Eu sonho agora o que viveremos depois
Sem pressa caminho
Pois eu sei o fim da historia
Que começa aqui
Debaixo dos meus pés

Vigília

Volta pra casa
Tome o seu lugar
Cante aquela canção
Que acalma o mar

Conforta meu peito
Preenche meus braços
Pois a saudade que eu sinto
É sempre maior do que a causo

Me mostra outra vez
Como é estar nos teus braços
Me faz feliz de novo
Sonhar acordado

Parece que o tempo pára
E todo o mundo se cala
O universo se expande
Enquanto meu peito dispara

Por que essa noite tem que acabar?
Por que o sol insiste em nascer?
Estando aqui ao seu lado
Imagino um futuro nascer

Conforta minha alma
Vem acalmar o meu peito
Vem deitar do meu lado
Vem que ainda está cedo

champanhe.

Tudo começa parecido de como termina. Começou uns dias atrás, com a mesma ansiedade costumeira. O mundo inteiro esperando a hora de o meridiano mais proximo passar pelo “mesmo” lugar de meses atrás. Estranho é esperar que o novo seja realmente novo começando semelhante ao que agora é velho. Para o ano que está vindo eu só tenho o nome, e bem óbvio: dois-mil-e-quinze. Nada de promessas precipitadas e irreais, nem expectativas, cobranças, nem sonhos, nem esperanças. Ainda está muito cedo. É como se eu estivesse pedindo ao o filho, ainda na barriga da māe, que já decida o que vai ser quando crescer. Eu cresci e ainda nāo sei o que quero ser, embora tenha pistas, é verdade. Que dois-mil-e-quinze nasça por parto normal, com a dor que lhe for necessária, mas do jeito que deve ser. Que a alegria de tê-lo nos braços seja grande o suficiente para esquecermos da dor. O seu irmāo mais velho, dois-mil-e-quatorze, vai deixar lembranças. “Foi um bom rapaz”. Fico triste em ver que muita gente esquece de viver todo dia como se fosse o último dia do ano. Essa culpa eu nāo carrego. Obrigado à ele pela minha família gigante, com meus parentes, gatos, cachorro e amigos por perto. Pelos domingos à noite em casa, pelos sábados no cinema, pelas as partidas de video-game, pelos ensaios com a banda, pelas descobertas realizadas, pelos sonhos vividos, as novas amizades feitas, pelas as amizades re-feitas… Por ter dado muitas razōes para provar que ficar um pouco mais velho também tem seu lado bom.

Queria abraçar todos aqueles que amo hoje noite. Vou ficar devendo. Quando nos vermos me lembra.

Um forte abraço, dois-mil-e-quatorze.