Passa o tempo sem prestarmos atenção // Raízes que crescem fortificando a fundação // Estou contando as horas // Estou medindo seus passos // Quero me perder em seus braços // acelerar o compasso

O amor não é tão fácil de entender // Quantos cientistas já falham ao tentar desvendar? //Mas só um gesto seu e fica fácil perceber // Que se o amor existe ele está todo em você

Porque você me acalma // Conhece até minha alma // Desfaz a tormenta em meu coração 

Porque com você ao meu lado // Quero passar todos os meus dias // Me perder em Abraços que não acabarão // não acabarão

dos dias

Numa noite dessas quis caminhar pela rua. Consegui encontrar alguma beleza na iluminação comum de nosso bairro. Eu não tinha nada na cabeça, eu não tinha nada nos bolsos nem ninguém me esperando. Pouco a pouco eu me encontrei só. Os dias me caçam. Eu tento fugir, como nesse dia, mas nem sempre dá. Neste dia quase deu. imaginei como seria atravessar correndo aquela ponte solitária durante essa neblina. Não tinha ninguém. Ninguém. Ninguém mesmo. Eu me vi só. Pensei um pouco sobres os dias que virão. Vou ter tanta gente tão longe. Vou perder tantos abraços que eu sei que precisarei. Já consigo entender a falta que farão os risos, as gargalhadas, o barulho de vocês no meu dia. As roupas que eu deixo espalhadas por aí, o nosso cachorro e seu egoísmo com sua ração, os almoços e as piadas, as jogatinas e as meninas. Ô minha menina, nem se atreva a mensurar a falta que você já faz. Um quadro negro em uma sala vazia: uma perfeita analogia para minha vida sem você. Bilhões de pessoas neste mundo e conseguimos achar um ao outro como agulha em um palheiro. Fazemos planos semanais, contamos a vida em prosa, deitamos e rimos do que somos. Você não faz idéia do medo que eu sinto. Você não visita aqui. Toda noite eu me perco em simulações, cenários, amostras, tentando encontrar uma fórmula mágica de permanecer por perto, presente, mesmo estando tão longe. Logo eu, o Zé que dizia que sempre estaria aqui. O Zé que dizia que cuidar de você era a única coisa que eu sabia fazer. Um Zé. Encarando um muro. Entre a espada e a cruz. Deus sabe que eu só penso em vocês quando decidi aceitar esse destino. Mas logo hoje eu quis andar pelas ruas e me sentir tão só. Eu vou me sentir tão só. Eu sei. Eu vou.

amant vivere somnium

A vida está preparando uma armadilha. Colisão. É como se durante uma viajem calma e tranquila, em uma curva qualquer, já próximo do destino, uma surpresa surgisse. Um caminhão na faixa oposta (porque o motorista exausto e irresponsável pela carga mas responsável ate certo ponto pela família que teve de abrir mão e cair na estrada para sustentar poder sustentar). Ele invade sua pista logo após a curva. Você se surpreende, interrompe um riso ou uma estrofe de uma canção, acelera o pulso, esboça uma reação, adrenalina no sangue, esboça uma reação, mas chega o momento em que os faróis em teus olhos lhe cegam. Sejamos menos dramático. É uma mesa de jogo. Um jogo de cartas. Algumas cartas na mão desordenadas, algumas cartas expostas na mesa, algumas com a face oculta na sua frente e mais outras tantas em uma pilha esperando por serem descobertas. Seu jogo não faz muito sentido, não é tão promissor assim. As três cartas na mesa próximas a você são alternativas mais óbvias, mas desconhecidas. A pilha de cartas são infinitas possibilidades de destino para o jogo. Filosofar cansa, não me distrai mais tanto assim. Parece até que esqueci de pular as ondas e com peso atual pouco menor a cem quilos resolvi acreditar que conseguiria vencer o mar. Bobagem. Pura bobagem. Ingenuidade. Audácia. A vida tá me aproximando de uma curva, tá me dando as cartas, tá enviando as ondas e erguendo a maré. A massa não muda, o tempo passa, e a única coisa que eu posso pra diminuir o impacto é alterar o tempo que essa força atua. Esse ano começou bem. Não 2014 e seus 365 dias. Mas meu próprio ano e seus 464 dias. Até breve.