Presente pra mim.

Eu sento nesta cadeira – que nestas horas parece mais um divã – e atravéz da janela dá pra ver o céu cinza, mais cinza que ontem, mas cinza que sempre. Um sempre que dura 3 anos, por estes dias. Um sempre que no passado foi vivido, que ao passado foi dado a responsabilidade de contar pra quem quiser saber. 29 de Fevereiro, em 2006 não teve não. Em 2006 hoje já seria seu aniversário, como estamos em 2008 amanhã será. E no teu aniversário poderia muito bem você ler o que eu falo. Você poderia tentar entender ao menos por um dia a razão de eu sempre te procurar. Não é amor, isto não. Mas eu me lembro bem, tão bem, que só você foi a única a conseguir tentar me entender. Lembra do 26 de agosto de 3 anos atrás? Neste dia começamos a tentar transformar ‘os dois amigos’ em ‘um amor’ (como diria a canção). Ah, o tempo. Sempre presente, insistente, impaciente em passar. Você agora ausente, mais do que distante, e eu só. Como o sol em meio tantas nuvens, coberto. Nada passa além do tempo, nada muda além das nuvens e canções no rádio.

Canções de outrora.

Palavras sem sentido.

Você não me entende, você nunca se sentiu assim como eu estou agora. Eu poderia dar meia-volta e te esquecer de vez, mas prefiro me machucar ao te ver chorar por mim. Você pode achar minhas palavras sem sentido, mas este foi o caminho que escolhi pra dizer, que pode ser difícil de te esquecer, mas eu não posso mais sofrer. Desculpa se eu te machuquei com minhas palavras sem sentido.

Até a morte chegar.

Um dia você abriu os olhos, e eu te olhei nos olhos. Um dia eu já havia passado por isso, mas agora eu assisto: Você cresceu! Um dia você vai estar no meu lugar. O tempo passa como os pássaros no céu, e vai nos levar pra algum lugar que ainda estar pra chegar.
As fotografias que temos pra não esquecer do tempo que já passou. Nossa juventude vai embora com o tempo que passou, felicidade está com quem encontrou o seu amor. A idade traz as marcas com você, mas eu fico feliz por ver que o tempo passou mas o meu amor só aumentou por você. A idade não vai nos separar, juntos até a morte chegar.

Mono.

Você veio me dizer que não quer mais saber, de sofrer. Você veio reclamar sobre o que detesta em mim, quando digo que gosto de estar só. Eu gosto de estar só, mas não quero ser só. Eu quero ficar só, mas com você. E todos aqueles segredos que não te contei foi por não te querer mal. E todas aquelas vezes que eu me afastei de você e te evitei, foi pra eu não correr o risco de jogar sobre ti a soma de meus problemas. E quando eu te liguei e você não quis me atender foi pra pedir desculpas, foi pra ouvir tua voz pra me acalmar. Quando eu dormi mais tarde foi esperando – com o telefone ao lado da cama – você me ligar, e quando era tarde e o sono ainda não tinha me visitado eu pensava que você havia me esquecido de vez. Mas o ‘podemos conversar’ que você diz sempre tem cara de ‘volta?’, e eu digo ‘sim’ como quem dissesse ‘claro!’. É assim que você diz que me não vai me esquecer nunca, é a maneira pra dizer que nunca deixei de te lembrar.

Conversas mudas.

Eu escrevi cartas, eu escrevi simples textos, e escrevi o endereço das palavras num papel qualquer e te entreguei. Sem dizer o que tinha vontade, sem dizer por não ter coragem, que você era a garota mais bela que eu já havia visto. Que tudo em você brilhava em meu olhar, que todas aquelas palavras que eu nunca te ouvi falar era imaginadas em minha cabeça. Aquelas 2 semanas foram muito mais em meu tempo, foram primaveras, foram outonos, foram verões, foram ainda mais invernos de tão frios. E enquanto eu ficava ali sentado te ver passar por mim por curtos-eternos segundos foram injeções de alegria, foram sopros de esperança, foram ainda mais distantes, foram muito além daquela lua que lá fora mora, foram mais que rimas, muito mais que frases entrelinhas, mas que abraços reais, mais que sonhos irreais. Foi o teu olhar no meu, foi meu olhar te perguntando: Qual é teu nome?
Conversas mudas

Querer estar.

…E distraído eu estava quando de repente você chegou. Cabelo preso, nuca nua, a mesma blusa azul cor do céu as 5:30am. Hoje eu te vi de longe, e nem sei porque eu não pensei em realizar em nenhuma daquelas histórias que idealizei. Hoje nada mais eu quis do que fugir de mim. Eu quis esquecer meus problemas, e esquecer que pessoas são aquelas ‘criaturas’ que te dizem “Você nem me deu boa tarde hoje!”, esquecer que quando eu voltar pra casa em alguma rádio que eu mesmo inventei vai estar tocando “On fire” do Swichfoot. Eu sei que em alguma casa com as luzes apagadas um outro alguém estará dormindo, enquanto eu estarei lembrando os meus erros passados e que não queria relembrar. E sempre haverá aquele céu sem estrelas que vai te deixar mais só, e aqueles programas que de tão chocos se tornam engraçados. Sempre haverá falsas promessas, sempre haverá o mal, sempre haverá a dor, sempre haverá o fim. Mas sempre haverá aquele alguém quase esquecido que te perguntará: Você quer que eu te ligue mais tarde?

Aqui

Se eu disser que não vou mais voltar
E te pedir pra nunca mais ligar
Foi porque todo esse tempo de nada resolveu
E os mesmos erros você cometeu

Eu não vou dizer porque parti
Também não vou ficar e fingir que nada aconteceu
Sei que o que passou, passou!
Mas para o nosso amor tudo acabou

aqui.

Dois segundos.

Dois segundos. Dois olhares. Duas visões. Dois corações. Um sentimento. Foi frio, foi duradouro, foi incrível aquele momento onde meu olhar cruzou o teu, onde eu não sabia o que tua boca fechada queria dizer atravéz do teu olhar. Aquele momento onde eu suei mais frio, onde meu peito disparou, aquele momento onde meus ouvidos surdos se fizeram só pra te observar. Aquele instante onde eramos só eu e você na minha imaginação. Embora aquele vidro da janela nos separasse pareciamos próximos, tão próximos como dois corações batendo num só peito. Hoje eu te vi. Hoje eu me transportei por segundos pra o futuro, me imaginei contigo, e voltei ao sono-vivo que eu vivi por dois segundos.

Noite fria

Aprisionado pelo tempo
Minha liberdade são suas palavras
Suspenso está meu pensamento
Que não sai de você

Quanto tempo faz que a gente não se vê?
Então me liga enquanto o tempo torce por você

E se eu pedir tua mão
Na verdade estarei querendo pedir teu coração
Me olha daquele jeito
Diz que estou perdendo o jeito:
“É com você que eu quero estar.”

Se a noite é fria
Meus dias passam lentos quando quero te ver
E se tornam versos vivos
Nas canções que eu fiz pra te dizer
Como é linda você menina.

‘Se você se acha forte suficiente’

…Então você para pra não perder o controle. Olha pra dentro e não há nada, olha pra fora e há pessoas andando em todas as direções. São gritos, vozes, canções, sons enfim. Lembra aquelas canções de amor que você gosta de ouvir, hoje nenhuma delas tem o mesmo sentido, hoje nada que você fizer vai parecer certo, também não vai parecer errado. Hoje o tempo mudou, hoje as horas passaram como passam as nuvens, como passam os pássaros. Hoje tudo aquilo que pra você um dia foi um sonho se tornou o mais real dos pesadelos.
Ontem seus sonhos foram sós, as canções de amor falavam de despedida e separação, o tempo não passava por não ter ninguém. ‘Ontem’ são lembranças, presente são ações, o futuro são planos.

Telefone.

Eu não disse que a cor do cabelo dela é o mais legal. Eu não disse que a roupa dela é da moda. Eu não assisti o filme que ela acha o mais legal. Eu nunca li nenhum dos livros que ela diz ter amado. Eu já te emprestei cds, eu já ouvi as músicas que ela gosta. Eu não disse que os lugares que ela vai são os mais visitados. E nem acho que ela seja a pessoa mais bonita que já vi, mas é sem dúvida a mais especial.

Me diz se puder quem eu chamo quando não consigo dormir. Me diz quem me conheceu o mais fundo entre as outras até agora. Me diz, me diz e me dá aquele sorriso que só você tem. Depois me abraça, com aquele amor que só você me dá.

Matemática.

Lá está o quadro, lá está o professor. Números, números, números. Tento fixar minha atenção, consigo até entender. Então a porta abre, fico com raiva por me distrair. Por um segundo eu olho em direção a porta e rapidamente volte-me novamente ao quadro. Eu paro penso, e olho novamente para porta. Deus, como é linda aquela menina! Não sei o nome dela, imagino ser Sofia, mas pode ser Tereza, pode ser Fabiana. Agora o nome pouco importa. Eu olho incessantemente aquela franja bem penteada que alinha-se à sobrancelha. Eu olho teu olhar tímido, e o sorriso não se vê. Os cabelos longos correm ao longo das costas, como meu olhar nela. Duas palavras me bastaria, uma reciprocidade no olhar me valeria, ficaria feliz toda a noite só de te ver sorrir. Então vem o sinal, fecho o caderno onde te desenhei, ou como eu te imaginei. Saio esperançoso de te encontrar, mas você se perde no meio de tantas outras pessoas, mas nenhuma, nenhuma delas me fizeram tão feliz com seu silêncio.

Camila.

As vezes quando paramos nesse silêncio e nenhuma palavra preenche a distância entre nós, eu sugiro o assunto e pergunto o que aconteceu pra você agir assim. Você diz que eu vou ficar bem, que virá outro alguém pra mim. Mesmo que venha, eu não serei feliz como eu pensei que seria. Então cada palavra que penso em dizer parece ridícula. Eu queria poder dizer algo que fizesse você se sentir da mesma forma que eu me sinto. Eu quero mais que sua amizade, e algo me faz crer que o que você diz é diferente do que sente. E assim como eu sei que não se pode dizer ‘Adeus’ antes do ‘oi’, eu só queria que você entendesse o que eu também não entendo, que eu te quero como nem eu pensei querer. Porque aquelas três palavras (eu te amo) precisam ser ditas essa noite. Eu posso me dar por vencido, mas esta chama ainda arderá muito mais por dentro. Minha vontade de ter você é maior que seus caprichos, e tudo que eu posso te oferecer está aqui, só é preciso que você diga o que eu preciso fazer. Só ‘os finais de semana’ por mim estaria perfeito. Irei ansiar que os dias se passem mais rápidos, e que o sábado demore como se fosse um mês inteiro, só pra te ouvir falar que quer me ver na semana seguinte. É isso que eu começo a sentir chegando em mim, eu posso provar que posso ser mais forte que o tempo. Apenas ignore ele (o tempo) que nos separa, pois no final disso descansaremos felizes nos braços um do outro.

Carlos e Cecília

Agora o café esfria, o tempo parece mudar. A chuva insiste em lutar contra o sol, e embora ela caia nada aqui esfria. As músicas prometem amor, eles escrevem sobre o amor que nunca sentiram. Eles falam sobre lugares que nunca visitaram, nem sabem sequer existem. Ela aparece na janela e sorrir, e me faz duvidar do fim daquilo que chamávamos de afeto. Então aquele abraço torna menor a minha incerteza, e maior a minha vontade. E quando eu olho para ela, ao mesmo tempo eu não vejo nada ao meu redor, e estou tão perto que sinto seu coração bater. E devagar a gente se separa novamente, ela está bem sorridente, mas é chegada a hora, eu vou, embora queira ficar. Aquele último abraço, aquele último beijos dos olhares, o último aceno.
“Quem te fez dormir mais tarde?
Quem te fez perder direção?”

30 de outubro

 Não me faz mais sentido. Acho que essa fase já era, a fase das conquistas não conquistadas, dos bom sonhos que nada mais foram além de sonhos. Amigos, estórias, histórias, verdades, mentiras, amores, desafetos e palavras. Fui longe demais, penso. Nunca me expus assim. E agora, assim como quando Adão foi expulso do paraíso, eu sinto vergonha, sinto-me nu.

Bem, o futuro é um verso fácil de cantar, e difícil de entender. Assim como quem viaja volta com saudade da família talvez eu volte, ou talvez nem vá. Escrevo isto agora pois já não tenho mesma ‘inspiração’ de outrora. Mas obrigado pra quem sempre esteve aqui e comentou, quem só passou e leu, quem só passou.
Abraço e ‘até amanhã’.

Loading…

Foi, eu voltei, vim te encontrar, não exatamente, mas você me entende. Acho que era melhor eu ter ido procurar me ocupar. Aquele discurso não serviu. Eu não estava bem, agora to piorando. Tudo que eu queria era estar, falar com alguém que eu me sentisse bem…E que me fizesse sentir-me bem também. E agora? Chove? Chora? Nada muda? Só a tua forma de me tratar ou tem algo mais? E os planos, mudaram? Deixe me ir, ou venha comigo.

Sonho bom.

Eu te dei o meu sorriso na minha tristeza só pra compartilhar tua alegria. Você me deu mil motivos para ir, e eu com um te convenci a ficar. Será que tentar é pra você tão caro assim? E se você está parada, visitando aquele mundo que é só seu, eu olho em tua direção mas você não presta atenção. Eu te digo que agora sou eu quem vai, mas você me pede pra esperar, pede que eu pegue o violão e te cante mais uma daquelas canções de amor, que quase ninguém ouviu, e que falam exatamente o que tem acontecido conosco. Eu canto, e no fim eu nem havia me tocado que você chorava, eu pensei ser um pouco da chuva em seus olhos. Eu também nem me toquei que você estava pedindo pra eu ficar, te abraçar, e prometer não te deixar. E todas aquelas lembranças quase esquecidas, e todas as mudanças que eu fiz pra você, por você, viram planos não escritos, viram novas canções sem melodias, que eu canto pra te lembrar. E quando você lembrar do passado você vai ver que foi apenas o começo , e quando olhar o futuro vai ver apenas os planos, e quando lembrar de ontem verá que foi só um sonho bom.

Sem pensar.

Eu não lembro a estação, mas acho que o ano era 2006. Olhares, olhares e escassez de palavras. Mas eu te disse, eu me lembro, só não me lembro se você ouviu, ou acreditou. Desculpa duvidar, mas as voltas que o mundo deu me deixaram meio tonto pra eu crer tão instantaneamente, em tudo que aconteceu em pouco tempo. É cedo demais pra por tudo a perder, mas não pra tentar. Vamos vê onde a estrada leva. Desta vez não fiz discurso, desta vez eu não pensei a frente. E agora, o que a gente faz se a gente não vai pensar na frente? Me avisa quando for a hora de mostrar o que se sente. E eu vou tentar dizer, fazer o que você quis de mim.

Meio desligado.

Você pediu pra eu sonhar contigo quando fosse dormir. Claro, não sonhei. Foi tudo tão confuso, estranho, inesperado, e continua sendo até agora. Estou com muito sono ainda, é verdade, quando eu digo que não sonhei com você foi porque você me roubou o sono ontem a noite. Eu pensei em tudo que você disse, as bobagens que eu também falei. Mas acho que como eu costumo a dizer, “Tá valendo”. Meus sonhos viraram teus planos, teus planos viraram meus sonhos.

Ontem.

Foi algo além do seu sorriso que mudou, não foi só ele que mudou. Você não fala mais da mesma forma, sequer me olha nos olhos como antes. Faz dias que não te vejo, não vejo teu sorriso há semanas. É, eu tinha que te falar, eu tinha que dizer o que ainda hoje tenho um pouco guardado. Eu sei e não foi preciso você me dizer, que você não sente o mesmo, que você não quer apostar em algo que pra você não faz o mínimo sentido. E não chega nenhuma noticia de você, nenhuma voz que eu ouço me faz acreditar que possa ser você. Estou tão convicto de uma forma, que seria difícil acreditar mesmo você dizendo diretamente e com todas as palavras possíveis. Eu pediria pra você me beliscar, pois eu poderia sonhar. O gosto de viver sem você é insosso, monocromático. Te ver pensando em um outro alguém é amargo, tão amargo como o próprio fel, e incolor como a mais pura água. Mas todos os sonhos que tive com você foram lindos, foram coloridos, foram os sóis mais amarelos que já pude ver e foram doces. O passado é feito pra ensinar e lembrar, não pra viver.

Quinta-Feira.

Cansei da mesma cara mal amada no espelho, das mesmas paisagens paradas na janela, do mesmo céu com poucas nuvens, com as viagens de verão ignoradas, com os episódios repetidos da tv, com as mesmas músicas nas rádios, com a desertificação da cidade nesta época do ano. E quando vou dormir não tenho mais com que sonhar, eu não penso em você, quer dizer, não tanto como antes. Afinal, quem é o ‘você’ que eu tanto falo? Bom, por muito eu tive alguém pra me inspirar, ou quase isso, mas agora não. Agora eu vou falar do passado, ou do que quero viver. Sobre quem é o ‘você’, ah, escolhe um pra ti, senão perde a graça. Escolhe alguém pra amar, e lhe dê o amor que precise, lute pra isso começar, lute pra dar certo e lute pra isso não terminar. Se terminar, estou esperando pra compartilharmos vários post iguais a estes.

O narrador.

Hoje teu silêncio me valeria o dia. Cada sorriso involuntário, tímido, baixinho seria suficiente. Sabe, eu preciso apenas de teu cuidado, de saber que importas, mesmo que não estejas presente. Eu preciso que você ache normal, e talvez até goste, quando eu te ligar de madrugada por não conseguir dormir. Que você me pergunte, não apenas por educação, como foi meu dia. Que me ligue, nem que a ligação dure apenas 20 segundos, tempo suficiente de dizer “só queria ouvir tua voz”, e antes de desligar fale mansamente, em volume quase zero que te faço feliz, ainda que como um amigo. Eu queria que o dia amanhã tivesse nuvens no céu, uma chuva fina até o fim da tarde, quando eu fosse te ver. E desse lugar a um belo pôr-do-sol. Todas as palavras exageradas que uso são pra dizer coisas simples. Pra dizer que sinto tua falta, mas sei que posso contar contigo. Nunca pensei que poucas palavras trouxessem tantas alegrias, um ‘eu te amo’, por exemplo, faz qualquer um largar os cobertores por uma praia. Então vai, vai ser feliz ao lado de quem se ama. Eu ainda prefiro ficar nos cobertores a ficar ao lado de não me quer bem assim.

Dia anterior, nunca incerto.

Hoje eu pude ver com distinção as cores do céu. A maneira que a luz que vinha entre fios, postes, plantas e telhados, ao ir de encontro à linha do horizonte ia mudando as cores no céu. As nuvens carregadas viraram decoração como imãs em geladeiras, enfeitando o céu agora cinza, sem cor. O tempo ia passando, os pássaros no céu também, a translucidez das cores do céu que escurecia dava lugar a estrelas ainda quase invisíveis. O barulho ia indo embora, deixando o frio silencio, baixando a poeira, levando as pessoas de volta pra casa. Na TV um seriado mostra histórias de amores e desafetos, com as canções que gosto de trilha sonora. Por um segundo imagino eu e você naqueles papeis, deitados naquele sofá assistindo aquele filme de amor, contando piadas sem graça, comendo um salgadinho barato. Eu e você trocando aqueles olhares e risos sem que ninguém ao nosso redor perceba, e sem perceber nos aproximamos, nos abraçamos após qualquer silencio e nos soltamos novamente sem perceber. Olha só a lua, olha a maneira com que ela se joga sobre o mar. O silencio das vozes trás as canções do vento e mar. Vamos voltar pra o começo, fazer qualquer acorde solto soar como uma peça inteira, sussurrar canções de amor e tempo. Um ultimo olhar, um ultimo abraço. O lento adeus de nossos dedos, que escorregam uns sobre os outros sem querer se separar. Mas enfim, é tarde agora, em todos os horários e sentidos. Não sei quanto falta pro amanhã, mas o ontem não vem mais.

A idade do céu.

“Onde está todo mundo?”, eu me perguntei. Está tudo tão deserto, silencioso. Eu olho pela janela fechada do carro e não há ninguém lá fora. As luzes fracas, os becos escuros, a cidade parou. Saio para um lugar qualquer, sem saber por quanto tempo, sem saber nem pensar o que me espera. As pessoas comigo parecem felizes, sorriem, cantam, se abraçam, e eu observo tudo sem dizer uma palavra.
Eu sei que essa felicidade não durará pra sempre, posto que nada dura. Lembro-me que eu e você  tempos atrás olhavamos para o céu e pensavamos ser pra sempre, e cantavamos aquela que chamavamos de ‘a nossa música’. Era uma música de uma banda inglesa, que se quer você gostava por não entender o que ela dizia. Então eu escrevi em um papel pra você o que ela dizia, uma tradução. Você percebeu que aquela música que eu cantava dizia tudo que estavamos vivendo, os momentos em que nós olhavamos pras estrelas, e nos abraçavamos…Foi um bom tempo aquele. Hoje ainda me lembro de você dizendo, pedindo na verdade, que cada vez que eu olhasse para a estrela, aquela que mais brilha, eu me lembrasse de você. Meio sem querer, cada vez que eu olho aquela estrela eu me lembro de teu sorriso, me lembro do teu olhar. Não me arrependo de nenhum vago segundo, nenhuma sã palavra. Não me arrependo de ter te deixado, nem me arrependo de tu ter partido, só me arrependo de ter te lembrado, e de ter feito você chorar. Espero que sua vida esteja bem, como você também. E as canções que eu fiz pra te lembrar, são as mesmas que hoje canto pra te esquecer.