O fim de tudo. O fim do mundo.

Um passo à frente. Um descuido na vigia e toda sua fortuna está em risco. Seu coração antigo, com velhas manias, costumes quaisquer, idiotices do dia-a-dia, tolices que você pensa e não diz pra ninguém. E quando chegar, sem se apresentar e dizer o nome, não há mais tempo de proteger o que é teu. Não haverá um pedido, uma apresentação formal. Aperto de mãos, abraços? Nada disso. Só um adeus. Um completo adeus à tudo aquilo que você foi um dia. Um furto engrandecido, um coração arrependido. Arrependido? Só do atraso. O amor é maior que tudo. O amor é maior que tudo! O amor é o começo da vida. É o fim de tudo. O fim do mundo num bater mais acelerado no peito. Corra sem olhar pra trás. Feche os olhos sem ter a certeza do chão em que pisa, sem medo. O amor vai te levar pra casa, amor. A partir de hoje. A partir de… quando? Eu já não lembro mais.

Trinta de Dezembro

Um dia comum para qualquer um. Parecia que ia chover e choveu. Assim, foi num fim de tarde, foi à vinte e um anos atrás. Eu me lembro bem de como tudo aconteceu, talvez você nem saiba que dia é hoje. Eu lembro bem das roupas que usávamos lá, e você nem sabe escolher sozinho o que vestir. Eu lembro do teu sorriso, do cheiro do perfume que te dei misturado com teu suor naquela camisa listrada. Eu me lembro também que eu tinha me prometido não mais pensar neste dia. Eu me lembro ter prometido não mais pensar. Eu me lembro de ter me proibido de me realimentar de lembranças. Eu não me lembro mais como tudo isso começou, o fim. Mas estou certa de que não era assim que terminava nosso final feliz.