Sete de Outubro

            Se ela me pedisse poucas palavras eu diria “Eu não suporto mais isso”. Tenho certeza que ela me entenderia bem. Se ela me pedisse uma poesia eu lhe plagiaria uma canção dos Beatles e diria “I’ll tell you something, I think you’ll understand (Eu vou lhe dizer uma coisa, acho que você entenderá)”; seria bem mais fácil se ela me pedisse um gesto, com certeza eu a abraçaria, um abraço forte, para ambos sentirmos o coração do outro bater. Se ela quisesse uma figura qualquer eu tentaria desenhá-la naquele momento que ficou gravado em minha mente.

Tudo, tudo que ela me pedisse ou pedir eu farei (faria). Corro qualquer distância, escalo qualquer monte, pulo os muros de quaisquer cidades, enfrento meus piores inimigos, só para atender os seus pedidos.

Eu gosto desse jeito dela, que me engana, me trucida, me tem nas mãos, tudo numa sutileza que nem sinto acontecer; e quando, subitamente, volto à mim, já tenho me entregado por completo à teus encantos. Então, no fim, depois de quase tudo, se ela me perguntar a razao de eu fazer tudo isso que ela me pediu, eu só saberei calar; e se ela me perguntar o que sinto por ela, só poderei dizer “Eu não sei, eu não sei”, ou talvéz até um sugestivo “Fique por perto e saberás”, mas aí já não serei mais eu falando, será meu pensamento passando por ali, fazendo teu cabelo mecher e meu coração acelerar à ponto de fazer começar tudo novamente.