Sobre janeiro.

Hoje choveu na cidade. Há muito não chovia. O rádio que já fora companheiro hoje anda um tanto viciado. A Hora do Brasil. Eu, você, a estrada, as gotas de chuva no para-brisa e o futuro todinho pela frente. A neblina que tanto temia se faz cada vez mais amiga do seu lado. das canções que já te fiz você me diz que quer mais. Diz que sente falta, resmunga com esse sorriso lindo e me joga na cara. Eu não sei o que digo, mas no mesmo instante lembro que quero ter dois filhos. A ciência me secou. Pelo menos foi meu melhor palpite. Sempre achei que a felicidade tem que ser ao vivo, as coisas demais ficam pros comerciais. Com você, definitivamente, quero fazer valer o que por cada vez mais rara eu escrevo. Quero fugir do script e ser feliz errando. Sorrindo. E cantando. Sonhando!

ontem

Quando vão me dizer
Que o pior passou
Que está tudo bem
Não está?

Choro até secar a ferida
Tão aberta
Que não quer cicatrizar

Parece que foi ontem
Parece que foi pouco
Será?

Lembro de você dizendo
“Vamos embora”
…Mas podia me esperar?

E os planos?
Foram tantos
E tão lindos
Só contigo

Se lembra que eu estou aqui
Não esquece de me visitar
Manda notícias vem aí/aqui
Vem me acordar

Ontem.

Porque você veio ontem, hoje o dia pareceu ordinário. Porque você me visitou, pareceu trazer contigo a vida que faltava por aqui. Com você os sorrisos são fáceis, as horas suaves, os dias melhores. Você veio ontem e me lembrou de minhas razões. Ontem você veio, e todos os outros dias serão só mais outros dias sem você.

meu pastor.

Eu vim aqui quando eu era criança. Me lembro do cheiro dos móveis em madeira escura, do cheiro do hortelã que vem do quintal e do chiar da panela ao cozinhar o feijão. Pra mim não faz muito tempo, mas me dizem que já faz alguns anos. De alguma forma muito estranha parece que o lugar encolheu, mas parece acolher muito mais, desde a última vez. Eu gosto do sono tranquilo dos gatos nas poltronas, no beiral da janela, na estante e sobre a tv. Lembro que eu gostava muito mais da manhã e sentar na calçada. Conversa boa é coisa rara! Você me disse guardar as cartas que um dia eu te escrevi, dizendo que um dia iria morar contigo e, olha só o destino, continuo assim. Parece que teu abraço foi pensado e moldado para caber todos os formatos de mim. E teu colo, antídoto pra qualquer choro que ousasse se anunciar. Me lembro como se fosse hoje, nós na calçada competindo para ver quem primeiro veria a primeira estrela nascer. Pois é, eu me lembro também. Sinceramente não sei, como ainda se estranha eu dizer que daqui eu não quero sair. As melhores lembranças que eu guardo são contigo, naquele lugar, nosso refugio e abrigo. Tudo de pouco que tivestes, muito fizestes por mim. No meu peito é o teu sangue que pulsa. Nada vai tirar você de mim.

19:vinte e quatro.

por favor se cuide. não levante muito rápido ao acordar e nem pise com o pé no chão frio. não dê chance pro azar. não ponha muita pasta para escovar os dentes e não prenda tão forte o seu cabelo. cuidado ao cortar o pão, mastigue bem antes de engolir e assopre o café antes de beber. quando sair pra trabalhar, olhe se não há ninguém suspeito. olhe para os dois lados antes de atravessar. não tome o ônibus errado e não esquece onde tem que parar. por favor, verifique se no seu almoço não tem nada a que você seja alérgico e a bebida só depois que terminar. quando quiser voltar pra casa, pode me ligar pra te buscar. não ouça a estranhos.

por favor,

cuidado.

hoje mais do que nunca é bom te ter por perto ou do outro lado da linha. que linha?

já que você um dia nasceu em mim, que vivas em mim. pois se um dia te quis, que em todos os outros eu te faça feliz.

brasília.

Ando pouco. Me iludo pensando saber o caminho. Esses dias tenho tido muitos deja vu. Talvez sejam as árvores por todos os lados, talvez a chuva que apareceu sem convite, expressões sem sentido ou, simplesmente, atravessar na faixa de segurança. Ou talvez esse pôr-do-sol, flamejante… Eu n/b-em sei. Eu gostava daquelas fotos da janela. Da calmaria dali, do subsolo. De ter a tv como relógio e um filme como desculpa. Tanto que vem, tão pouco que lembro, das partes que não lembro, são as que gosto mais. Talk show de madrugada, talvez nunca mais. Pode ser que sejam universos paralelos, longe se medir com distância, perto se medir em memórias. …Vezes pareço querer esquecer. …Vezes, eu sei, sinto voltar. Saudade sempre tem, coragem preciso ir no supermercado comprar. Não penso mais tanto assim. Não tenho canções desde o último verão. Parece que faz frio aí. As vezes parece que frio me sou. Desculpa se não faz sentido. Sempre parece que não fez sentido. Mas sentido teve em ter sido. Queria que fosse domingo, queria que fosse de novo. Queria que fosse por hoje vivo de novo. 

Que bom que você voltou. Sinceramente eu também senti saudades. Cada dia mais louco, mais velho, mais surdo e mais e mais sonhos… Alice moderninha! Nunca pensei te ver assim. Minguando, contando gotas, tão perdido. Velhos acordes não fazem mais sentido, né?… Sei como é. E por falar em canções, você não sabe mais nem o que ouvir. De escrever nem se fala: perdeu a mão faz tempo, nem eu te aguento mais. Isso, tenta achar que é você mudou demais. As únicas coisas que você jurou amar fazer parecem te provocarem ainda mais. É você que está sempre em busca do equilíbrio?… Que equilíbrio! Sua mãe já me contou que você sempre deu trabalho pra dormir, já você me diz que ser o último a ir te assusta… Hoje você nem dorme mais. Porque o silêncio dessa vez? E o coração, cadê? Contar os dias para quê? A inércia chegou de vez? Porque eu pareço e provocar tanto? Parece que seus zeros e uns nem são tão mágicos assim.

Cotidiano

Neblina. Numa estrada onde não se consegue ver além de poucos metros os passos são mais lentos. Movimentos calculados. Previsões são evanescentes. Se dissolvem no ar. Em busca de sentimentos indeléveis, se contentar com o acaso. Conversa fiada. Talk show na madrugada. Canções aleatórias. Acordes dissonantes. Numa janela embasada, deixar um recado que não encontrará ninguém. Um bilhete na geladeira. A lista de compras. As sobras de jantar na mesa. Ninguém na sala. A luz de seu quarto, pela janela, está acesa.

Sim e nada mais

Sempre pensei demais. Me planejei demais. Calculei até onde achei que os erros pudessem ser minimizados. E me readaptei todo para seguir isso. Todas as decisões, todas as canções. Cada palavra escolhida pra expressar na medida certa cada felicidade e alegria. Eu te quis demais e aí foi meu erro. Ou foi onde eu mais acertei. Nada de meios termos. Porque enquanto tudo parecia ser calculado demais eu preferi sentir à pensar. Aproveitar o momento e não o desperdiçar me preocupando com a fotografia. Esse momento foi minha quintessência, nosso momento. Pena que eu não percebi que o plano era eternizar tudo isso vivendo tão pouco. Ao fim de tudo ínfima será a razão entre esse momento e minha vida inteira, se medido em termos de tempo. Gigante no querer. Sem fotografias para lembrar, mas uns acordes… quem sabe? Que o  sentimento carregado e trazido pelas canções não míngue. Seria crime maior que desperdiçar tudo isso. Você não aprendeu mesmo nada nas canções que ouve. Ou eu as ouvi demais.

1/2

queria ser capaz de te querer pela metade. De dividir meu amor entre você e mim. Queria dar pouca importância à sua companhia, de me sentir só meio completo ao ter você por perto. Queria ser capaz de te querer e te buscar só metade do tempo que eu tento, como se eu te oferecesse só minhas noites, e não meus dias. Queria me contentar com um abraço qualquer, ou que talvez que ao te olhar eu só enxergasse o óbvio, e não me perdesse por completo ali. Tanto eu quis ser seu que agora penso que ser meio seu já me fez mais seu do que meu. Eu não sei ser pela metade. Nem sentir pela metade. Nem querer pela metade. Talvez eu não queira nem ser sua metade, se nem isso eu não conseguir ser por inteiro.

um sonho dentro de um sonho

sonhar até te ver dormir
sorrindo assim
como se soubesse o que penso
sem pensar no por vir

fico aqui, parado, calado
dividindo teu ar
sentindo seu coraçāo
No meu peito bater

quando o sol se vai
olho pela janela pra pensar
quero me transportar
para o lugar onde você está

lá nāo existe a dor
lá o frio cede ao calor
porque lá meu sorriso é bobo
porque lá me sinto seu

diz ao tempo pra desacelerar
que eu nāo estou com pressa
deixa o sol demorar mais um pouco
deixa que eu já vou sonhar de novo

de tāo lindo que é
vi os teus olhos fechar
para mais espaço sobrar
pro teu sorriso nascer

e toda vez que você sorrir
eu quero ficar ali
quero me transportar
para o lugar onde você está

lá minha paz vem ao meu encontro
e a felicidade surge sem conter
porque lá meu sorriso é teu
tāo seu quanto eu

debaixo dos meus pés

Ta faltando chao
Mas ta sobrando espaço
Quero estar ao teu lado
Te segurar nos braços
Segurar a tua mao
Queria abrir os olhos
E ver tudo aqui de novo
Tudo que o tempo leva
Dos dias que nao voltam
O que derrete o coracao
Também Faz nascer o teu sorriso
E voce sabe que também não é tarde demais
Quem a gente é nunca vai mudar
Quando a alma quer ela espera
Em teus braços feito criança
Eu sonho agora o que viveremos depois
Sem pressa caminho
Pois eu sei o fim da historia
Que começa aqui
Debaixo dos meus pés

Vigília

Volta pra casa
Tome o seu lugar
Cante aquela canção
Que acalma o mar

Conforta meu peito
Preenche meus braços
Pois a saudade que eu sinto
É sempre maior do que a causo

Me mostra outra vez
Como é estar nos teus braços
Me faz feliz de novo
Sonhar acordado

Parece que o tempo pára
E todo o mundo se cala
O universo se expande
Enquanto meu peito dispara

Por que essa noite tem que acabar?
Por que o sol insiste em nascer?
Estando aqui ao seu lado
Imagino um futuro nascer

Conforta minha alma
Vem acalmar o meu peito
Vem deitar do meu lado
Vem que ainda está cedo

champanhe.

Tudo começa parecido de como termina. Começou uns dias atrás, com a mesma ansiedade costumeira. O mundo inteiro esperando a hora de o meridiano mais proximo passar pelo “mesmo” lugar de meses atrás. Estranho é esperar que o novo seja realmente novo começando semelhante ao que agora é velho. Para o ano que está vindo eu só tenho o nome, e bem óbvio: dois-mil-e-quinze. Nada de promessas precipitadas e irreais, nem expectativas, cobranças, nem sonhos, nem esperanças. Ainda está muito cedo. É como se eu estivesse pedindo ao o filho, ainda na barriga da māe, que já decida o que vai ser quando crescer. Eu cresci e ainda nāo sei o que quero ser, embora tenha pistas, é verdade. Que dois-mil-e-quinze nasça por parto normal, com a dor que lhe for necessária, mas do jeito que deve ser. Que a alegria de tê-lo nos braços seja grande o suficiente para esquecermos da dor. O seu irmāo mais velho, dois-mil-e-quatorze, vai deixar lembranças. “Foi um bom rapaz”. Fico triste em ver que muita gente esquece de viver todo dia como se fosse o último dia do ano. Essa culpa eu nāo carrego. Obrigado à ele pela minha família gigante, com meus parentes, gatos, cachorro e amigos por perto. Pelos domingos à noite em casa, pelos sábados no cinema, pelas as partidas de video-game, pelos ensaios com a banda, pelas descobertas realizadas, pelos sonhos vividos, as novas amizades feitas, pelas as amizades re-feitas… Por ter dado muitas razōes para provar que ficar um pouco mais velho também tem seu lado bom.

Queria abraçar todos aqueles que amo hoje noite. Vou ficar devendo. Quando nos vermos me lembra.

Um forte abraço, dois-mil-e-quatorze.

Sutil.

Tic. Tac! Taquicardia. Descompasso. Arritmia. No intervalo entre uma onda e outra eu vi meu pé afundar na areia, lentamente, pianino. Eu sou pequeno demais pro que eu tenho dentro de mim. Eu gosto de frases aleatórias com sentidos bem nítidos. Eu gosto de quando eu falo e de da forma que seus ouvidos ouvem mais do que eu as palavras querem dizer. Eu gosto do espaço que teu abraço deixa pra um sorriso. Eu gosto do fato de seus olhos rejeitarem o verde e deixá-los pra mim. Eu gosto de sua voz não soar como veludo, e sim como uma pedra bem polida pelo rio. Eu gosto quando confundo sua voz com o som do vento nas árvores e quando eu descanso nos teus braços feito as águas de um rio no mar. Eu gosto de sua presença transformar todo dia em domingo e seu cuidado transformar em lar qualquer lugar. Eu gosto do seu sorriso se abrindo sincronizado com meus braços a espera de teu abraço. Eu gosto da tua caligrafia e do modo como você desenha nossos dias. Eu gosto de como você conta teu conto sem precisar de rimas. Eu gosto de tua pressa e de tua calmaria. Eu só não gosto de pensar como seria se meus dias não tivessem encontrado os seus dias.

gravidade.

Vem você
meu sonho enfeitar
tento te alcançar
serena

o despertar
pra mim é como o mar
e insiste em me puxar
sou onda a te procurar
minha praia

a te procurar
minha praia
vou te alcançar
minha praia
vou te buscar
minha praia

Se a maré mudar
Seja entao meu mar
Pra em ti eu desaguar
Minha vida

E se sonhar
eu vou te encontrar
Pra que então acordar
Sou gravidade a te puxar

Pra perto
vou te trazer
Pro peito
vou te buscar
pra perto
vou te guardar
no peito

solúvel

vem ver
como eu sou por dentro
vem ouvir
tudo o que eu penso
as coisas que nāo digo
quando estás por perto

vem cá
deitar nesse sofá
até confundir
o teu corpo e o meu
entrar em ressonância
dançar a mesma dança

Vê so
O que você fez
No que me transformei
Dissolvido em alma
Pra te esquentar

Fazer tu perceber
Que aqui é meu lugar
E nāo há o que fazer

Melhor entāo aceitar
Tomar deste café
Se esquentar
Se dissolver

café frio.

eu podia ter prometido qualquer coisa, pra qualquer um. mas eu tive que prometer logo a mim que, se tudo que eu digo for realmente verdadeiro, eu tenho que te ver feliz. afinal de contas nāo existe outro motivo para eu querer estar por perto. e se eu nāo for o motivo da sua felicidade, que eu fique feliz em ver que mesmo assim ela está com você. vai parecer tolice, e pode até ser que seja mesmo, mas é assim que deve ser. e que quando eu achar que eu devo desistir ou mudar de ideia, que eu me lembre de tudo que passa em minha cabeça quando eu te vejo sorrir. embora o mar insista em puxar, as ondas sempre voltam a procurar a praia. eu não vou entender. você não vai entender. ninguém vai entender. ao menos até você novamente sorrir.

Giro à sós

eu sei você já esteve onde estou
mas hoje eu sei, e é tudo que eu sei
é que você deveria estar onde eu estou

eu estou e sou seu
estou pro que vier
serei o que quiser
contando que seu

não traz o seu medo
vem sem voltar cedo
deixa eu ser teu travesseiro
teu fiel companheiro

não se assuste por eu falar assim
mas é tão injusto você longe de mim
e acredite, não é melhor assim
vai ser melhor, enfim

se meus dedos se juntarem aos meus
e os meus lábios se perdessem nos teus
então meu peito seria teu lugar
e o meu lugar nos braços teus.

sobre você e o tempo.

Hoje eu vou te fazer uma rima pobre, sem jeito, torta e assanhada, toda desarrumada. Hoje seria o dia perfeito pra bater em tua porta, escondido atrás de um pequeno buquê de flores, que de tão tolo, eu te roubaria um sorriso bobo. Você poderia me convidar pra entrar, para que em seguida eu pudesse replicar perguntando se é em tua casa ou coração. Então viria um sorriso solto, um olhar sem jeito, a bochecha corada e um coração confuso. Você não vai me responder nada, vai fingir que eu nunca disse nada, vai me convidar pro sofá. “Café soluvel e pouco açúcar?”, “um filme ou John Mayer?”. Eu sonhei com você hoje de uma forma que não sonhava há dias. Esqueci até que tinha que fazer uma rima. Abraço o violão pra cantar o que eu não tenho coragem de te repetir mais. Eu que não sou de briga queria conhecer o tempo e lhe ensinar uma lição. Porque ele é tão covarde, chama pra jogar um jogo em que só ele pode ganhar? Tempo, tempo, tempo. Nunca te odiei tanto, amigo velho. Por aquele cabelo assanhado, um sorriso com o olho apertado, eu sinceramente não sei o que faria. O preço de tudo que eu mais queria é exatamente aquele que ninguém consegue pagar. Eu sei fazer poema, te faço algumas musicas, sou bom com física e matemática, mas o tempo eu ainda não sei mudar.

eq-canções

O tempo vai passar
e tudo se renovará
Embora no mesmo lugar
Nunca me banhei no mesmo rio
O tempo passa rápido demais
Tanta pressa nāo sei pra quê
Meu final eu nāo sei como vai ser
Mas quem vai estar lá eu sei
Somos termos de uma mesma equaçāo
Versos de uma mesma cançāo
Tempo e espaço que se curvam
Vento, vela e uma direçāo
Metamorfosear
Parafrasear
Modificar e permanecer essencialmente igual
Tanta pressa pra quê
Nunca vi alguém do tempo ganhar
Meu final eu nāo sei como vai ser
Mas quem vai estar lá eu sei
Somos termos de uma mesma equaçāo
Versos de uma mesma cançāo
Tempo e espaço que se curvam
Vento, vela e uma direçāo
Eu to cansado de adivinhar
De perder e até de ganhar
E se for pra eu acordar e nāo te ver
Me deixa sonhar e ser seu

“sim”.

Entao vem voce
E me desarma por completo
Me faz duvidar do certo
So pelo fato de te ver

Porque
O tempo não (fica) joga do meu lado
E insiste em correr apressado
Quando eu estou perto de voce

E nao precisa dizer
Tudo que eu ja sei
E nao precisa complicar demais
Voce sabe o que precisa dizer
Pro meu coração ficar em paz
Pra fazer o tempo andar pra tras
E voce me dizer “sim”

Parei
a minha vida pra a sua esperar
E o por um momento vi o tempo parar
Ao ver seu sorriso nascer

Sonho
O mesmo sonho todos dias
Que nunca tarde só e fria
Nossos destinos vāo casar
No mesmo lugar
Onde nao caiba mais ninguem
Alem de eu e ti
Entao voce vai me olhar
Um sorriso vai surgir ao te abracar

Nenhum som vai poder falar
O que eu sinto quando estou aqui
Com teu beijo voce vai me dizer que esse é seu sim.

do mar e o céu azul.

Eu nāo quero mais brigar / eu nāo consigo entender / nāo é isso que eu quero pra nós / de alguma forma eu preciso entender, aceitar… // Parece que todo esse tempo / ainda nāo foi suficiente pra mim / tá tudo muito confuso aqui / cabeça e coraçāo // e me desculpe por nāo conseguir / me acertar no mesmo tempo que você // Eu nāo quero ter que negar seus abraços / Eu quero que ele seja uma recordaçāo boa pra mim / E poder lembrar o quāo bom ele é / Sim ele é // Sinto muito mas hoje eu nāo estou bem / eu queria poder dizer que eu vou tentar / esquecer as coisas ruins / me motivar com o lado bom // Pois quando eu falo com você eu consigo esquecer / tudo isso que tá cheio em mim / só nāo espere demais de mim / eu nāo sei ser assim.

esqueça tudo que for seu / tudo vai mudar
o tempo que você tanto esperou / em sua porta vai chegar
e nāo precisa avisar a ninguém / todo mundo já percebeu
nāo adianta mais negar / deixa o teu sorriso por você fazer

as noites que você passou só / só no passado vāo ficar
e as feridas que te faziam chorar / hoje vāo cicatrizar
e nāo precisa avisar a ninguém / todo mundo já percebeu
nāo adianta mais negar / deixa o teu sorriso por você falar

basta você deixar seu coração / falar mais alto que a razão
E lembre que só você tem / essa luz que pode acabar com a escuridão

blue sky _1

Se você precisou de mim, eu fui seu. Fui completo. Fui com carne, com ossos e alma. Aparei minhas arestas, desarmei as minhas fronteiras, te deixei entrar. Te ofereci o que de melhor eu tinha. Pra você eu vesti o meu melhor sorriso e te cobri com a minha mais sincera alegria. Tentei iluminar teus dias, ser o teu porto, ou qualquer coisa que você queria. Eu fui fogo nos dias frios, seu travesseiro quando você quis descansar. Fui tāo seu que eu esqueci de ser um pouco meu. Nunca descansei porque eu nunca cansei de ser seu. Eu nunca cansei de ser seu. Nem de dizer que eu sou seu. Eu ainda nāo cansei de ser seu. Eu acho que eu ainda não fui seu. Não como eu quero ser. Não como você precise que eu seja, mas como eu preciso ser. Seu.

ventura.

uma lembrança. cenas perdidas na mente. o movimento, o slow-motion, a pausa. numa moldura passa o que poderia ter sido nossa vida. talvez faltou ser mais do que um simples pensamento. talvez faltou só ser. precisava ter saído do pensamento e se tornado matéria. faltou ser mais nós. faltou juntar teu sorriso discreto com minhas piadas sem graça. em tudo que fomos, fomos o melhor de nós, menos no “nós”. faltou eu ser mais direto e você entender nas vezes que eu fui. faltou eu ser menos seu. talvez tenha faltado você. talvez eu tenha pensado demais, te buscado demais. talvez meu erro foi ter sido demasiadamente seu. talvez meu erro foi cantar pro mundo inteiro o que você só precisava ouvir. talvez tenha faltado coragem. faltou coragem. faltou eu ser mais eu. faltou eu escrever menos e estar mais aí. foi ausente demais a mim e a ti. quis demais até você não quer mais tanto assim.

vendavais

letra e musica por Jonathas Iohanathan

Nunca entendi a o que você dizia naqueles vendavais
Eu não sabia, mas pros meus dias você planejou a pais
Me pôs de volta em minha orbita
Sou teu satélite a te transladar
Teu grande amor me mantém por perto
E dos teus braços não saio jamais

Então pra que temer o futuro quando eu sei (que) você vai estar lá?

entropia

O caos em sua forma mais pura. Uma confusão vem em nuvens negras em uma tempestade no meio do verão.  As sirenes na vizinhança,  o bebê que chora, a TV que mostra mais uma aberração.  Psicopatia cotidiana. O concreto dos edifícios,  o asfalto das pistas. Gás carbônico e dióxido de carbônico concorrem nos pulmões. O mar por onde navego se agita. Sobre o murmúrio de tua voz ele se cala, se deita, escorre manso e nas pedras dorme.  Caos rasgado pela ternura.  Simplicidade do dia-a-dia.  Uma frase estampada me faz lembrar de você. Faça pequenas coisas com grande amor. Por algo depois do “boa noite”.

Gravidade

Em um terreno plano o suficiente para se enxergar quase todo o caminho meus passos foram interrompidos. Eu pude te ver se aproximar silenciosa e despretensiosamente. Um sorriso que varre toda duvida de seu rosto, que desorganiza meu peito, desarma minhas defesas e deixa minha alma em carne viva parada de frente a você. Você não dá um passo, nao diz uma palavra, mas eu nao consigo sair dali. A vida passa em muitos mettos por segundo, rios correm, os pássaros imigrantes, o sol perseguindo a lua, e eu  continuo parado aqui. Encantados com teu sorriso, teus olhos cedem espaço enquanto se fecham. De repente as conversas ao meu redor sao lentamente caladas, a câmera de minha vista captar cada detalhe dos teus labios enquanto voce rir da vida sem perceber que a minha esta bem diante de você so esperando teu sinal para continuar. Por favor, desvie o teu olhar do meu se perceber, porque eu não conseguirei mover por um segundo sequer. Aceito viver assim, por favor, pelo menos isso, não afaste ou tire de mim.

dos dias (com amor)

Por muito tempo eu amei calado. Eu vinha aqui, desbulhava meu coração e me tentava alcançar alguém que não estava em minha frequência. Já amei muitas coisas, já me apaixonei por pessoas. Me lembro de colecionar detalhes, os pôr num texto, esperar resposta, alcançar meu alvo e esperar o reflexo da onda que tinha provocado. Um dia, atravessando a Av Rio Branco no fim da tarde me dei conta que no fim de tarde, próximo às 17h16min o dia fica mais bonito, as cores mais sinceras e é parece que no movimento dos carros e na correria das pessoas é onde a calma de meus passos me parece mais sensata. Me apaixonei pelos os dias. Talvez de tanto tentar, certo dia consegui, em uma conversa incrivelmente amistosa, embora alguns anos (e textos) atrasados, colocar sobre a mesa o estado mais sincero de meu peito e me orgulhar de ter sido capaz de gostar de alguém e fazê lo em silêncio. Me lembro de tê-la impressionado, conseguindo arrancar sua surpresa ao dizer que rios de textos, uma canção e uma incrível admiração a ela pertencia. Parece que não consegui ser tão eficaz. Ainda bem. Mas tudo isso foi só para dizer que eu achava que tinha amado. Talvez.  Mas Hoje, verdadeiramente eu sei: amor é o que tenho e sinto hoje. E se não for amor, obrigado!… do jeito que aqui tá bom, não quero nem saber o que seria esse tal de amor.

Vendavais

Nunca entendia o que você dizia naqueles vendavais
Eu não sabia, mas para os meus dias você planejou a paz
Me pôs de volta em minha órbita, sou um satélite a te transladar
Teu grande amor me mantém por perto, e dos teus braços não saio jamais

Então pra que temer o futuro quando eu sei que você vai estar lá?

Nunca entendia o que você dizia naqueles vendavais.

Deus conhece meus mais profundos pensamentos. Ele nina no mar, o acalma. Sossega a tempestade, faz soprar suave o vento. Me tira do relento e me dá abrigo. O Deus que eu tanto esqueço está comigo o tempo todo. Me faz dormir tranquilo. Me conforta na angústia e se faz presente na minha solidão. Rios correm em tua presença, montanhas se erguem, um doce vento sopra, o céu se desenha, e eu sou finalmente tomado pela Tua magnitude. Meu Deus não falha. Meu Deus sabe qual a perfeita ordem das coisas. Ele é perfeito, e seu caminho é misterioso e justo.

Passa o tempo sem prestarmos atenção // Raízes que crescem fortificando a fundação // Estou contando as horas // Estou medindo seus passos // Quero me perder em seus braços // acelerar o compasso

O amor não é tão fácil de entender // Quantos cientistas já falham ao tentar desvendar? //Mas só um gesto seu e fica fácil perceber // Que se o amor existe ele está todo em você

Porque você me acalma // Conhece até minha alma // Desfaz a tormenta em meu coração 

Porque com você ao meu lado // Quero passar todos os meus dias // Me perder em Abraços que não acabarão // não acabarão

dos dias

Numa noite dessas quis caminhar pela rua. Consegui encontrar alguma beleza na iluminação comum de nosso bairro. Eu não tinha nada na cabeça, eu não tinha nada nos bolsos nem ninguém me esperando. Pouco a pouco eu me encontrei só. Os dias me caçam. Eu tento fugir, como nesse dia, mas nem sempre dá. Neste dia quase deu. imaginei como seria atravessar correndo aquela ponte solitária durante essa neblina. Não tinha ninguém. Ninguém. Ninguém mesmo. Eu me vi só. Pensei um pouco sobres os dias que virão. Vou ter tanta gente tão longe. Vou perder tantos abraços que eu sei que precisarei. Já consigo entender a falta que farão os risos, as gargalhadas, o barulho de vocês no meu dia. As roupas que eu deixo espalhadas por aí, o nosso cachorro e seu egoísmo com sua ração, os almoços e as piadas, as jogatinas e as meninas. Ô minha menina, nem se atreva a mensurar a falta que você já faz. Um quadro negro em uma sala vazia: uma perfeita analogia para minha vida sem você. Bilhões de pessoas neste mundo e conseguimos achar um ao outro como agulha em um palheiro. Fazemos planos semanais, contamos a vida em prosa, deitamos e rimos do que somos. Você não faz idéia do medo que eu sinto. Você não visita aqui. Toda noite eu me perco em simulações, cenários, amostras, tentando encontrar uma fórmula mágica de permanecer por perto, presente, mesmo estando tão longe. Logo eu, o Zé que dizia que sempre estaria aqui. O Zé que dizia que cuidar de você era a única coisa que eu sabia fazer. Um Zé. Encarando um muro. Entre a espada e a cruz. Deus sabe que eu só penso em vocês quando decidi aceitar esse destino. Mas logo hoje eu quis andar pelas ruas e me sentir tão só. Eu vou me sentir tão só. Eu sei. Eu vou.

amant vivere somnium

A vida está preparando uma armadilha. Colisão. É como se durante uma viajem calma e tranquila, em uma curva qualquer, já próximo do destino, uma surpresa surgisse. Um caminhão na faixa oposta (porque o motorista exausto e irresponsável pela carga mas responsável ate certo ponto pela família que teve de abrir mão e cair na estrada para sustentar poder sustentar). Ele invade sua pista logo após a curva. Você se surpreende, interrompe um riso ou uma estrofe de uma canção, acelera o pulso, esboça uma reação, adrenalina no sangue, esboça uma reação, mas chega o momento em que os faróis em teus olhos lhe cegam. Sejamos menos dramático. É uma mesa de jogo. Um jogo de cartas. Algumas cartas na mão desordenadas, algumas cartas expostas na mesa, algumas com a face oculta na sua frente e mais outras tantas em uma pilha esperando por serem descobertas. Seu jogo não faz muito sentido, não é tão promissor assim. As três cartas na mesa próximas a você são alternativas mais óbvias, mas desconhecidas. A pilha de cartas são infinitas possibilidades de destino para o jogo. Filosofar cansa, não me distrai mais tanto assim. Parece até que esqueci de pular as ondas e com peso atual pouco menor a cem quilos resolvi acreditar que conseguiria vencer o mar. Bobagem. Pura bobagem. Ingenuidade. Audácia. A vida tá me aproximando de uma curva, tá me dando as cartas, tá enviando as ondas e erguendo a maré. A massa não muda, o tempo passa, e a única coisa que eu posso pra diminuir o impacto é alterar o tempo que essa força atua. Esse ano começou bem. Não 2014 e seus 365 dias. Mas meu próprio ano e seus 464 dias. Até breve.

Pomps

Deixa de ser imperceptível. O rio transborda. Avança além de suas fronteiras. O silêncio como resposta para muitas perguntas parece conseguir se expressar por mim melhor do que eu poderia faze-lo. Os dias hoje vão correndo como antes eu queria, como hoje eu me averso. Vai escorrendo entre os dedos o sossego, restando apenas o anseio. O meu encontro com o desconhecido se aproxima. Conflito, encaro, vejo diante de mim se aproximar tudo que eu sempre quis. Segurando minha mão direita eu tenho tudo o que eu quis com maior intensidade e vigor em toda minha vida, o que mais amei. Queria eu ter a certeza que poderia guiar nossos passos. Queria eu a certeza de que Deus fundiu para sempre nossos destinos. Queria eu, em minha insignificância, poder garantir que não acordarei uma alvorada sequer longe do teu afeto. Não sabia eu como era amar de verdade. Verdadeiramente, nunca saberia se não tivesse escolhido ser só seu. Sou só teu.

Aliviar

Um cara perdido, atirando contra o alvo errado, esperando na fila errada. Um ano bonito, poucas palavras ditas, a fila errada não anda. Eu perdi conversas imperdiveis, fugi dos abraços que mais queria, fingi não sentir falta das palavras certas, dos sorrisos incertos, singularidades definidas em tua rúbrica. Aquele teatro, as palavras medidas, as visitas não pensadas, o convite para entrar, o abraço forte ao sair, a vontade da de ficar, protelar, te pedir para não me deixar ir, me calar e partir. O querer que todo dia fosse domingo e torcer para que, meio que por acaso, sem acreditar no acaso, possa minha rua ser o destino de tua visita para falar de esperança e alegria. E que nesse dia o sol esteja brilhando mais forte, para que em teu cabelo eu o veja, para que teu perfume o vento me traga ao olfato e de fato você me brinde um sorriso, finja talvez nem me conhecer, mas reconheça sem incerteza que meu sorrir seja a certeza de como sempre é bom te ver. Eu acho que deva estar bom por agora. O bom filho a casa torna. Estou sempre esperando para te (re)conhecer.

Tarde da noite… São algumas ruas distantes de casa. Posso sequer pensar que é tarde demais. Posso sequer lembrar que parece que foi ontem que eu te vi chegar. Já não se fecham mais feridas como antigamente. Os carros passam cheios, são pessoas vazias, são rádios sintonizados numa mesma estação. Como poeira…poeira.

Das cinzas.

No choro da criança
A esperança que nasce
A cada novo sorriso
Cai um novo disfarce

 Vou aproveitar cada dia
Aprender a levantar
Reconstruir um império
Com os próprios passos andar

 
Não há angústia que vingue
Ao sentir seu abraço
Desvanece a ciência
Destrói o tempo e o espaço
 
E quando achar que estou fraco
E forem escuros meus dias
Vai estender o teus braços
Vai me erguer das cinzas 
 
Vou renascer das cinzas
 
Aquela velha alegria
Que escorre entre as mãos
Você me trouxe muito mais que a vida
Tesouro que os dias não levarão

Não há angústia que vingue
Ao sentir seu abraço
Desvanece a ciência
Destrói o tempo e o espaço
 
E quando achar que estou fraco
E forem escuros meus dias
Vai estender o teus braços
Vai me erguer das cinzas 
 
Vou renascer das cinzas

boreal.

eu vou pensando que meus tocam o chão
Que meu coração não tá cansado de andar
vou me iludindo em versos sobre um amor qualquer
Qualquer coisa que possa ludibriar meu pensar

não me impressiona mais a estudidez
Nem o estupor disfarçado de amor
não me impressiona mais dar alguns passos pra trás
demora, mas a tempestade um dia chega ao cais

E quando ela chegar seja meu porto
permita que eu atraque minha vida em ti
permita que minha voz ecoe em seu vazio
que somemos nossos versos e deixemos de caminhar sozinhos

A noite o vento sussura pelos cantos
cantam prosas, sopram versos, perplexos
você, disfusa, confusa se polariza em meio a água
olhar espectral, multicanal,
me leve aonde o céu se rende ao mar

E no horizonte em que eles se tocarem seja o sol que vai nascer
seja a mudança que em meus dias há de chegar
e como um raio, me acertes em cheio
para que eu, antes tão vazio
contigo viva, e morra, sem sentir receio

croise devant

Eu tenho vivido na esperança de que meus passos encontrem o teu riso, assim, meio perdido, sem foco, destinado à ninguém. Errante como meus passos, eu gostaria que o vento jogasse seu cabelo numa direção oposta à minha, para que você pudesse ajeitá-los e, quem sabe, se eu não conseguir ser discreto o suficiente, você, subitamente, possa, sem querer, sorrir para mim. Minha cara de retardado deveria prolongar teu sorriso, te deixar errada, tentar se esquivar do meu olhar. Eu não faria nada, nem prometeria nada, não me contentaria, não te contaria. Talvez alguns passos para trás, olhares perdidos para todos os lados, uma saída bem discreta. Talvez eu crie coragem para dizer que minha vida estacionada espera ansiosamente pela passagem do desfile da tua vida na rua de minha casa.

Vai mudar
Sim, o tempo vai mudar sua vida
O vento vai soprar,
vai mudar as coisas de lugar
Vai ensinar um novo modo de enxergar
Vai varrer fora toda a poeira
Reascender a lareira em uma longa noite de frio

Somos tão só
Mesmo tão perto
Estamos tão só
Mesmo tão juntos

Vai mudar
Sim, o tempo do nosso verbo vai mudar
Vamos deixar de ser o que nunca fomos
Vamos acordar de um sonho que nunca sonhamos

Mesmo tão jovens
Vamos morrer um pro outro
Mesmo sem feridas
Vamos sentir doer o peito

Mesmo tão perto
Somos tão só
Mesmo tão juntos
Mesmo que não

Eu ia perguntar para Deus, essas noites, coisas óbvias. Perguntar a razão das coisas e não obter resposta já é uma tarefa cotidiana. Ninguém se importa. Eu não consigo esquecer, eu não quero esquecer. Eu queria te ver, foi isso que eu quis, foi isso que eu disse. Eu já quis demais, eu quis todo esse tempo, o tempo todo… eu quis. Eu falei por muitas vezes, eu pensei por muitas vezes, eu tentei por muitas vezes. Esbarrei comigo mesmo e na conjunção de meus verbos. Eu quero, eu sei, como eu sempre quis. E o que falta? Por que sobra? Por que tanta coisa? Não é humano resistir, não fomos feitos para isso. Minha mente tenta domar minha fala, meus gestos, minha própria mente. Eu queria ter coragem, deixar de lado o medo que eu cantei não ter. Depois de muito tempo, dar um passo pra trás, para voltar e escolher um outro caminho. Eu só queria que fizesse sentido, e não saudade. E  não só vontade. E não só fosse eu. Eu vou me dar mau nesse jogo, eu não sei ganhar. Eu também não sei perder. Na verdade eu sequer sei. Se eu soubesse, se eu pensasse… Talvez, tudo que eu sempre quis esteja bem ali, através de uma janela de vidro… e RGB. Talvez eu veja através dessa janela meu sonho, meu destino parado ali, e só não tenha coragem de levantar a janela e tomá-lo para mim. Talvez eu seja um pequeno pássaro acostumado com sua gaiola, e não se permite mais voar. Depende do ângulo que se olhar. Eu quero essa fotografia comigo o tempo todo, e assim será. Você vai saber, vai entender… perceber que não há mau nenhum. Se eu o quissesse só por um instante já teria o feito, só que não. Mas estou certo que só um pouco valeria mais que a vida que terei sem ti.

Tiradentes, 752.

Um certo dia, que não faço a mínima ideia de quando foi, um carteiro veio à minha porta. Não o vi, mas vi a sombra de seus pés debaixo da porta. Da poltrona, na sala, fiquei vigiando silenciosamente seus movimentos. Em instantes, rapidamente deslizou por debaixo da porta uma correspondência. Ouvi alguns passos… Solado de borracha no piso encerado. A sombra foi ficando mais suave até desaparecer dali. Fiquei encarando aquele envelope branco, sem qualquer detalhe, parado ali no chão. Decidi por aproveitar o meu café, e deixar para o abrir depois. Entre sopros e goles de café, meu pensamento corria buscando advinhar o que haveria ali. Deitei sobre a mesa minha xícara grená com um pouco de café, e abaixei-me para apanhar o envelope. Sem remetente. Sem nada escrito. Fiquei inferindo sobre o seu conteúdo e se eu mesmo deveria ser o destinatário daquela correspondência enquanto brincava com o envelope em minhas mãos. Fiz suposições, de conteúdo e remetente, me desafiei à abri-lo. Pra minha surpresa, uma folha em branco e uma caneta se encontravam dentro do envelope. Quem mandara? Por quê mandara para mim? Uma folha em branco e uma caneta: o que deveria ser registrado ali? Um desenho? Palavras? Eu vou viver pra saber. […]